O Debate da Ressurreição - Craig Versus Ehrman


Existem Evidências Históricas Para a Ressurreição de Jesus? - Craig Versus Ehrman

Debate realizado em 28 de março de 2006, entre o Dr. William Lane Craig e o Dr. Bart Ehrman, no Colégio de Santa Cruz (College of the Holy Cross), de Worcester, Massachusetts.  


Parte 1-14


Parte 2-14


Parte 3-14


Parte 4-14


Parte 5-14


Parte 6-14


Parte 7-14


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Parte 13-14


Parte 14-14




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O absurdo da Vida sem Deus - William Lane Craig

Veja também o artigo, O absurdo da vida sem deus

Parte 1/7


Parte 2/7


Parte 3/7


Parte 4/7


Parte 5/7


Parte 6/7


Parte 7/7


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Entrevista 'A Ressurreição' - William Lane Craig

William Lane Craig responde perguntas sobre a ressurreição de Jesus.

Obtido no Canal do Youtube, Deus em Debate.



1. Qual é o significado pessoal da ressurreição de Jesus?


2. Qual é o significado da ressurreição de Jesus?


3. Em quê os judeus acreditavam naquela época sobre uma ressurreição física?


4. Jesus ressuscitou dos mortos fisicamente ou espiritualmente?


5. Por que o movimento cristão começou a existir?


6. As aparições de Jesus após sua morte não poderiam ter sido alucinações?


7. O que dizer sobre pressuposições pessoais sobre a ressurreição?


8. Quais são as evidências de que Jesus apareceu vivo depois de Sua morte?


9. Os outros escritores do Novo Testamento corroboram os Evangelistas?


10. Quais as Evidências para o Sepulcro Vazio de Jesus?




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Molinismo, os não evangelizados e o chauvinismo cultural


Sinto que os argumentos de William Lane Craig, de que Deus providenciou para que aqueles que ele sabe que atenderão ao evangelho vivam em partes do mundo onde estejam mais provavelmente expostos a ele, cheiram a “chauvinismo cultural”. Isso significa que extensas faixas da humanidade estão eliminadas, supostamente porque, ainda que o ouvissem, não creriam. Nessa questão, acho C. S. Lewis mais convincente: o sangue de Cristo pode salvar pessoas que talvez necessariamente não saibam que é pelo sangue de Cristo que são salvas. Por favor, corrija-me se entendi a sua posição erroneamente?
Roger

Resposta Dr Craig:
Roger, mesmo achando que tenha entendido minha posição mais ou menos corretamente, não acho que ela tenha as implicações sugeridas por você. Antes de explicar o porquê, permita-me esclarecer a minha proposição.
O problema básico com o qual contendo é o destino dos não evangelizados, aqueles que nunca ouvem o evangelho. Sugiro que seja possível que Deus, por desejar que todos sejam salvos e venham ao conhecimento da verdade (1Tm 2.4), ordenou o mundo de maneira tão providencial que qualquer um capaz de crer no evangelho, se o ouvisse, nasce em tempo e lugar da história no qual de fato o ouve. Nesse caso, ninguém poderia encarar Deus no dia do Juízo e se queixar que, apesar de não ter atendido à revelação geral de Deus na natureza e na consciência e assim descubra que está condenado, teria atendido ao Evangelho, se apenas tivesse tido a oportunidade.
C. S. Lewis era inclusivista e entendia evidentemente que o problema dos não evangelizados se resolve pela adoção da visão de que as pessoas podem ser salvas com base na morte de Cristo pela resposta apropriada à luz daquilo que elas realmente têm. Você diz que acha Lewis “mais convincente”. Eu acho que você devia ter dito “mais atraente”. A visão de Lewis, adotada por mim no passado, é inadequada por duas razões: (1) Nenhuma leitura honesta de Romanos 1 pode apresentar bases para o otimismo de que muitos dos não evangelizados serão salvos pela reposta deles à revelação geral. Talvez alguns sejam salvos (e minha própria visão permite isso), mas não podemos pintar um quadro cor-de-rosa do destino dos não evangelizados depois da leitura dessa passagem. Sem dúvida, a visão de Lewis é atraente e consoladora, mas difícil de se coadunar com o ensino bíblico. (2) O inclusivismo de Lewis não resolve mesmo a questão. O problema do inclusivismo não é ir longe demais, mas é de fato não ir longe o suficiente. O inclusivismo concede salvação só aos que respondem de modo afirmativo à revelação geral de Deus, no entanto nada diz a respeito dos que a rejeitam e estão, portanto, perdidos, mas que responderiam ao Evangelho e seriam salvos se apenas o tivessem ouvido. A questão dos não evangelizados é um problema contrafactual: e quanto aos que estão condenados, mas teriam sido salvos se somente tivessem nascido num tempo e lugar onde ouviriam o Evangelho? A perdição deles se parece com ter azar, resultado de um acidente histórico e geográfico. Inclusivismo como o de Lewis sequer se refere a esse problema contrafactual e, portanto, não consegue ser uma solução satisfatória para o problema. É por isso que tive de deixá-lo para trás e seguir adiante.
Acho que, na minha visão, ninguém está “eliminado”: todo ser humano recebe graça suficiente para a salvação, até mesmo os não evangelizados. A salvação é acessível universalmente. Mas Deus é bom demais para deixar as pessoas se perderem só por terem nascido na hora e no lugar errado da história. Assim, ele coloca aqueles que responderiam ao evangelho, se o ouvissem, em momentos e lugares da história em que o ouçam. Deus não comete injustiça aos não evangelizados que rejeitaram a luz da revelação geral e estão perdidos, pois sabe que não responderiam ao evangelho de jeito nenhum, mesmo que o ouvissem.
Então, minha visão é culturalmente chauvinista? Antes de tratar do assunto, deixe-me comentar sobre o peso da objeção, a qual não ameaça a possibilidade da minha resposta (que é tudo quanto preciso para resolver o problema) nem a sua verdade. A objeção só acha a minha solução intragável. Não tenho certeza do seu grau de seriedade. Afinal de contas, se acreditarmos que as pessoas humanas são individualizadas pela alma delas, então minha alma poderia ter sido colocada num corpo diferente, para que eu fosse alguém de raça ou etnia diferente, nascido num momento e lugar diferentes na história. De acordo com esse entendimento da personalidade humana, as características físicas têm importância bem menor do que têm de acordo com a visão materialista. Ainda assim, a Bíblia nos diz que no eschaton há pessoas de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9), portanto deveríamos indagar se a minha visão impossibilita isso.
A resposta é: de jeito nenhum! Alguém que acha que o cristianismo evangélico é uma religião do homem branco não passa de um ignorante dos fatos demográficos do cristianismo mundial. Sabia que dois terços de todos os evangélicos vivem hoje no Terceiro Mundo, uma vez que as taxas de crescimento do cristianismo estão explodindo na Ásia, na África e na América Latina? Sabia que, em 1987, o número de evangélicos na Ásia ultrapassou o número de evangélicos na América do Norte e que, em 1991, o número de evangélicos na Ásia superou o número de evangélicos de todo o mundo ocidental? Seja como for, o cristianismo é hoje uma religião asiática. Pelo visto, é bem provável que o cristianismo europeu caucasiano tenha sido apenas o meio pelo qual Deus alcançou a maioria da humanidade com o Evangelho. Quando se pensa em toda a história humana, do começo ao seu fim, verifica-se que a minha visão não é, em absoluto, culturalmente chauvinista.
Para saber mais a respeito desse assunto tão importante, dê uma olhada neste mesmo site nos artigos catalogados em “Scholarly Articles:  Christian Particularism” [Artigos acadêmicos: particularismo cristão] ou “Popular Articles: Christianity and Other Faiths” [Artigos populares: cristianismo e outras crenças].
William Lane Craig
Originalmente publicada como: “Molinism, the Unevangelized, and Cultural Chauvinism”. Texto disponível na íntegra em: http://www.reasonablefaith.org/molinism-the-unevangelized-and-cultural-chauvinism. Traduzido por Marcos Vasconcelos. Revisado por Cristiano Camilo Lopes.

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Deus, tempo e criação


Dr. Craig, o senhor parece acreditar que Deus existe fora do tempo, quando não há nenhum universo [Deus (a)], e dentro do tempo, quando existe um universo [Deus (b)]. Minha pergunta: Qual dos dois criou o universo? O Deus (a) não pode criar o universo, pois um ser atemporal não é capaz de “criar” [“criar” é uma ação temporal]. O Deus (b) não pode criar o universo, pois um ser que existe no tempo não é capaz de criar o tempo a partir do qual ele cria.
Blake

Resposta Dr. Craig:
Não sei se você percebeu, Blake, mas acabou de apresentar o argumento de que a fé cristã é incoerente ao afirmar que Deus criou o universo? Afinal, de duas uma, ou Deus é temporal ou é atemporal, e, de acordo com o seu argumento, a criação não faz sentido em nenhum dos casos. Não é preciso dizer mais nada sobre a doutrina da criação!
O problema acerca de Deus, tempo e criação é complexo e venho propor a visão que defendo nos livros God, Time, and Eternity [Deus, tempo e eternidade] (Kluwer, 2001) e Time and Eternity [Tempo e eternidade] (Crossway, 2001) precisamente para resolver esse enigma.
Em primeiro lugar, vamos esclarecer a visão que proponho. Quando você descreve minha posição como a visão de que “Deus existe fora do tempo, quando não há nenhum universo, e dentro do tempo, quando existe um universo”, seu modo de usar a palavra “quando” pode levar a equívocos. Se considerada ao pé da letra, implicaria a existência de tempo antes da criação do universo. Entendo que o tempo começou com o primeiro evento, que considero ser o primeiro ato criador de Deus. Por isso, prefiro enunciar minha visão da seguinte maneira: Deus é atemporal sem o universo e temporal com o universo.
A razão por que sustento que Deus é atemporal sem o universo se deve ao meu entendimento da impossibilidade de uma regressão temporal infinita de eventos, e, conforme a teoria relacional do tempo, na falta de quaisquer eventos, o tempo não existiria. A razão por que sustento que Deus é temporal desde a criação do universo situa Deus numa nova relação, a saber, a de coexistir com o universo, e só essa mudança extrínseca (sem mencionar a ação do poder causal de Deus) é suficiente para existir uma relação temporal.
Além disso, é desnecessário dizer que Deus (a) e Deus (b) não são dois Deuses, mas uma única entidade descrita em dois estados.
Portanto, consideremos primeiro o segundo extremo do seu dilema: “O Deus (b) não pode criar o universo, pois um ser que existe no tempo não é capaz de criar o tempo a partir do qual ele cria” — argumento semelhante em defesa da atemporalidade divina foi apresentado por Brian Leftow, filósofo da Universidade de Oxford, portanto você está em boa companhia! Na minha opinião, porém, essa proposição é falsa (veja God, Time, and Eternity, pp. 19-23). Leftow entende que, se for contingentemente temporal, Deus não pode num dado tempo t criar t porque sua atividade em t pressupõe a existência de t: a existência de t é de forma explicativamente anterior à ação de Deus em t. Eu discordo. Segundo a teoria relacional do tempo, este é logicamente posterior à ocorrência de algum evento. Assim, conforme a teoria relacional, a ação de Deus é explicativamente anterior à existência do tempo. Tudo o que Deus precisa fazer é agir, e o tempo é criado como consequência. Assim, Deus tanto poderia criar t como existir em t.
Considere agora o primeiro extremo do seu dilema: “O Deus (a) não pode criar o universo, pois um ser atemporal não é capaz de ‘criar’ (‘criar’ é uma ação temporal)”. Ao modo dos filósofos medievais, que adoravam a exatidão, precisamos distinguir dois sentidos diferentes desse critério:
1. Não possivelmente (Deus é atemporal & Deus cria o universo)
e
1'.Deus é atemporal & não possivelmente (Deus cria o universo)

A ambiguidade no primeiro extremo do seu dilema é como a ambiguidade da frase “Não é possível à casa branca ser marrom” — queremos dizer que “não é possível à casa branca ser tanto branca como marrom” ou que “não é possível à casa branca tornar-se marrom”? Entendida no primeiro sentido, a frase é verdadeira, mas entendida no segundo sentido, é falsa.
Portanto, pense a respeito de (1). Se você pensa ou não que é possível Deus ser atemporal e criar o universo, dependerá, tenho certeza, de sua teoria do tempo. De acordo com a dita teoria dos fatos temporalmente estáticos, ou teoria-A do tempo, passar a ser temporal é um aspecto real e objetivo do mundo, na proporção em que as coisas vêm a existir ou deixam de existir. Mas segundo a teoria dos fatos temporalmente dinâmicos, ou teoria-B do tempo, todos os eventos e momentos do tempo são igualmente reais, e tornar-se temporal é ilusão da consciência humana. Ora, com relação à teoria-B do tempo, penso que seja fácil perceber como Deus pode criar o universo no sentido de que, a fim de existir, o universo depende contingentemente de Deus. Conforme essa perspectiva, a variedade espaço-tempo quadrimensional existe total e simplesmente como um bloco, e Deus existe “fora” do bloco e sustenta-lhe a existência. Segundo tal visão, criar não é necessariamente uma ação temporal; Deus pode criar atemporalmente. Logo, (1) é falsa.
Por outro lado, se você adotar a teoria-A do tempo, como estou fortemente inclinado a adotá-la, então (1) é verdadeira. Afinal, no primeiro momento de existência, o universo passa literalmente a existir. A relação causal real de Deus com esse evento será nova para ele nesse momento, e, portanto, Deus tem de ser temporal naquele instante. Segundo essa visão, o ato de criar é realmente, como você defende, uma ação temporal e, consequentemente, Deus tem de ser temporal ao criar o universo. Logo, de acordo com a teoria-A do tempo, (1) parece ser verdadeira.
Mas, e quanto a (1') na teoria-A do tempo? Se Deus fosse atemporal, seria capaz de criar o universo? Estaria ele de algum modo aprisionado na atemporalidade, congelado na imobilidade? Não vejo razão para pensar assim. A alegação de que se Deus for atemporal lhe seria impossível criar o universo se baseia na suposição de que a atemporalidade seria uma propriedade, não contingencial, mas essencial de Deus. Todavia, como no caso da cor da casa, não vejo razão para pensar que a atemporalidade, ou a temporalidade, não possa ser uma propriedade contingencial de Deus, dependente da vontade divina. Ao existir atemporalmente sozinho, sem o universo, Deus pode desejar não fazer a criação e assim continuar atemporal; ou pode querer criar o universo e passar a ser temporal ao exercer pela primeira vez seu poder causal. Depende da vontade dele.
Assim, segundo a visão que proponho, Deus existe de modo atemporal sem o universo, com a intenção atemporal de criar um universo com um princípio. Ele exerce seu poder causal e, em consequência disso, o tempo passa a existir juntamente com o primeiro estado do universo, e Deus, por livre e espontânea vontade, entra no tempo. Tudo isso acontece de modo concomitante, ou seja, tudo junto de uma só vez. Admito que é uma conclusão surpreendente, mas faz mais sentido para mim do que as alternativas apresentadas.
William Lane Craig
Originalmente publicada como: “God, Time, and Creation”. Texto disponível na íntegra em: http://www.reasonablefaith.org/god-time-and-creation. Traduzido por Marcos Vasconcelos. Revisado por Cristiano Camilo Lopes.


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Definição de ateísmo


Em minhas discussões com ateus, percebo que têm usado a expressão de que lhes “falta a crença em Deus”. Dizem que isso é diferente de afirmar que Deus não existe. Não sei bem como responder a isso. Parece-me um jogo tolo de palavras e é logicamente o mesmo que dizer que não se acredita em Deus. Como eu poderia dar uma boa resposta para isso?
Obrigado pelo seu tempo.
Steven

Resposta Dr. Craig
Seus amigos ateus estão certos em afirmar que há uma diferença lógica importante entre crer que Deus não existe e não crer que Deus existe. Compare minha declaração, “Acredito que não existe ouro em Marte”, com minha outra declaração, “Não acredito que existe ouro em Marte”. Se não tenho opinião a respeito da questão, então não acredito que existe ouro em marte e não acredito que não existe ouro em Marte. Há uma diferença entre afirmar “Eu não acredito em (p)” e “Eu acredito em (não p)”. Há um mundo de diferença lógica dependendo da posição em que se coloca a negação.
Contudo, o erro de seus amigos ateus está em afirmar que o ateísmo compreende somente não acreditar que Deus existe em vez de acreditar que Deus não existe.
Há um pano de fundo histórico por traz disso. Em meados do século XX, alguns ateus promoveram o conhecido “pressuposto do ateísmo”. Sem maior análise, poderia parecer que a alegação de que, na falta de evidência favorável à existência de Deus, deveríamos supor que Deus não existe. O ateísmo é uma espécie de posição padrão, e o teísta tem a responsabilidade de apresentar o ônus da prova, quanto à sua crença de que Deus existe.
Assim compreendido, o pressuposto adotado é evidentemente um equívoco. A asserção “Deus não existe” é uma afirmação de conhecimento tanto quanto o é a asserção “Deus existe”. Portanto, a primeira exige uma justificativa do mesmo modo que a última. O agnóstico é quem não faz nenhuma afirmação de conhecimento acerca da existência de Deus. Ele confessa que não sabe se Deus existe ou se Deus não existe.
No entanto, ao olhar-se mais de perto o modo como os protagonistas do pressuposto do ateísmo empregavam o termo “ateu”, descobre-se que a palavra é definida de maneira atípica, como sinônimo de “não teísta”. Assim compreendido, o termo abrangeria tanto os agnósticos como os ateus tradicionais, juntamente com os que consideram a questão sem sentido (verificacionistas). Conforme confessa Antony Flew:
no presente contexto, a palavra “ateu” deve ser analisada gramaticalmente de modo incomum. Hoje, é normal considerar que signifique alguém que nega explicitamente a existência [...] de Deus [...]. Mas aqui ela tem de ser entendida não positivamente, mas negativamente, lendo-se o prefixo grego “a-” originalmente da mesma maneira em “ateísmo” conforme costuma ser lido em [...] palavras como “amoral” [...]. Assim interpretado, ateu passa a ser não alguém que assevera positivamente a não existência de Deus, mas simplesmente alguém que não é teísta. (A Companion to Philosophy of Religion, org. Philip Quinn e Charles Taliaferro [Oxford: Blackwell, 1997], s.v. “The Presumption of Atheism”, por Antony Flew)
Essa redefinição da palavra “ateu” trivializa a alegação do pressuposto do ateísmo, porque, de acordo com ela, o ateísmo deixa de ser uma visão. É um mero estado psicológico partilhado por pessoas que adotam varias visões ou visão nenhuma. Segundo essa redefinição, até mesmo bebês, que não têm nenhuma opinião sobre a matéria, são considerados como ateus! De fato, Muff, nossa gata de estimação, segundo tal definição, é considerada ateia, já que ela (até onde eu sei) não tem nenhuma crença em Deus.
Ainda se poderia requerer uma justificativa para saber se Deus existe ou não — a questão na qual estamos realmente interessados.
Assim, talvez você se interrogue, por que razão os ateus estariam tão ansiosos para banalizarem assim a própria posição? Nisto concordo com você: muitos ateus têm feito um jogo enganoso. Caso se considere que o ateísmo seja uma visão, a saber, a visão de que Deus não existe, então os ateus têm de arcar com a sua parte do ônus da prova para apoiar essa visão. Contudo, muitos ateus admitem francamente que não conseguem sustentar o ônus da prova. E, assim, tentam escapar de sua responsabilidade epistêmica com a redefinição do ateísmo, de modo que não é mais uma visão, mas apenas uma condição psicológica que, como tal, não faz afirmações. Na realidade, eles são agnósticos enrustidos que querem reivindicar a capa do ateísmo sem arcar com a responsabilidade dele.
Isso não é nada sincero e ainda nos deixa esta pergunta: “E aí, Deus existe ou não?”.
William Lane Craig
Originalmente publicada como: “Definition of Atheism”. Texto disponível na íntegra em: http://www.reasonablefaith.org/definition-of-atheism. Traduzido por Marcos Vasconcelos. Revisado por Cristiano Camilo Lopes.


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A diferença entre mundos possíveis e factíveis


Olá, Dr. Craig,
Ouvi recentemente seu debate com Dayton: “Does Evil Disprove God?” [O mal prova que Deus não existe?]. Embora eu entenda claramente por que Deus não pode fazer o que é intrinsecamente (ou logicamente) impossível (i.e., criar um mundo no qual ele forçou as pessoas a escolherem livremente o bem ou o mal), não consegui compreender com clareza o que o senhor quer dizer quando afirma que não seria factível para Deus criar um mundo no qual o mal não existe, mesmo sendo, para ele, logicamente possível fazê-lo. Quando tento imaginar tais situações, elas sempre parecem se reduzir a impossibilidades intrínsecas. Por favor, explique e exemplifique o que o senhor quer dizer com Deus permitir aquilo que é mal e evitável e, todavia, inexequível para ele.
Martin


Resposta Dr. Craig:
A distinção entre mundos possíveis e factíveis é de tal ordem que se encrava no cerne da doutrina do conhecimento médio e pode ter implicações teológicas importantíssimas, como a que você destacou. A distinção terminológica foi esboçada pela primeira vez pelo filósofo Thomas Flint, mas a distinção conceitual é inerente à teoria do conhecimento médio, formulada por Luís Molina no século dezesseis.
De acordo com Molina, logicamente antes do decreto divino para criar o mundo, Deus possuía não somente o conhecimento de tudo o que poderia acontecer (seu conhecimento natural), mas também de tudo o que aconteceria de modo contingente em qualquer conjunto específico de circunstâncias de maneira específica (seu conhecimento médio). O conhecimento natural de Deus é o conhecimento que ele possui de todas as verdades necessárias. Por meio dele, Deus sabe qual é a completa multiplicidade dos mundos possíveis, ou, como você diz, dos mundos que são intrinsecamente possíveis. Ele sabe, por exemplo, que em algum mundo possível Pedro nega Jesus livremente três vezes e que em outro mundo possível Pedro afirma Jesus livremente em circunstâncias idênticas, porque ambos os casos são possíveis.
O conhecimento médio de Deus é o conhecimento que ele possui de todas as proposições condicionais contingentemente verdadeiras no modo subjuntivo, inclusive as proposições sobre as ações livres pertinentes à criatura. Por exemplo, logicamente antes do seu decreto criador, Deus sabia que, se Pedro estivesse nas circunstâncias C, ele negaria Cristo livremente três vezes. Esses tipos de condicionais subjuntivas são quase sempre denominados de contrafactuais, as quais servem para delimitar a multiplicidade dos mundos possíveis para mundos factíveis que Deus torna reais. Por exemplo, há intrinsecamente um mundo possível no qual Pedro não nega Cristo nas mesmíssimas circunstâncias em que realmente o negou; mas em razão da verdade contrafactual segundo a qual, se Pedro estivesse precisamente naquelas circunstâncias ele negaria Cristo livremente, então, o mundo possível no qual Pedro não nega a Cristo livremente nessas circunstâncias não é factível para Deus. Deus poderia forçar Pedro a não negar Cristo em tais circunstâncias, mas, desse modo, sua confissão não seria livre. Por meio de seu conhecimento médio, Deus sabe qual é o subconjunto apropriado de mundos possíveis que são factíveis para ele, em razão das contrafactuais verdadeiras.
Deus, então, decreta a criação de certas criaturas livres em certas circunstâncias. Assim, com base no seu conhecimento médio e no conhecimento de seu próprio decreto, Deus sabe de antemão tudo o que acontecerá (o livre conhecimento de Deus). Dessa forma, ele sabe, simplesmente com base em seus próprios estados internos e sem necessidade de qualquer tipo de percepção do mundo exterior, que Pedro negará Cristo livremente três vezes.
Assim, no esquema molinista temos a seguinte ordem lógica:
Momento 1. . .            O         O         O         O         O         O. . . 
Conhecimento natural: Deus conhece a multiplicidade dos mundos possíveis

Momento 2. . .                        O                     O                     O. . . 
Conhecimento médio: Deus conhece a multiplicidade dos mundos factíveis
_____________________________________________________________
Decreto criativo divino
_____________________________________________________________

Momento 3. . .                                                   O 
Livre conhecimento: Deus conhece o mundo real

Desse modo, há mundos intrinsecamente possíveis, mas que Deus, em razão das contrafactuais verdadeiras, não está apto a torná-los em realidade e, portanto, são, na terminologia de Flint, infactíveis para Deus. Observe que, uma vez que as contrafactuais da liberdade da criatura são contingentemente verdadeiras, quais mundos são ou não factíveis para Deus é também uma questão de contingência. Tudo depende do modo como as criaturas se comportarão livremente em várias circunstâncias, que estão além do controle de Deus.
Alvin Plantiga foi o primeiro filósofo contemporâneo a aplicar esse esquema ao problema do mal. Em resposta à alegação de J. L. Mackie, segundo a qual, pelo fato de ser intrinsecamente possível um mundo em que todos sempre escolhem fazer o que é moralmente certo, um Deus onipotente seria capaz de criá-lo, Plantinga assinalou que, por aquilo que se sabe tal mundo não seria factível para Deus. De fato, pelo que sabemos, todos os mundos factíveis para Deus e que envolvem a proporção de bem que o mundo real envolve, envolvem também a mesma proporção de mal. Logo, apesar de ser intrinsecamente possível um mundo com tanto bem quanto o mundo real, mas com menos ou nenhum mal em si, talvez não esteja no poder de Deus criar um mundo assim. Portanto, Deus não pode ser acusado por não ter criado esse mundo. O ateu que traz à baila o problema do mal, deveria ter de mostrar que mundos com a mesma proporção de bem e menos de mal são factíveis para Deus, o que está além da capacidade de qualquer um comprovar; é mera especulação. O ateu, portanto, não conseguiria sustentar o ônus da sua prova.
Em meu próprio trabalho, tenho tentado explorar a distinção entre mundos possíveis e factíveis ao lidar com questões como perseverança dos santos, inspiração bíblica e particularismo cristão (veja-se “Scholarly ArticlesOmniscienceChristian Particularism” [Artigos acadêmicos: onisciência; particularismo cristão]).
William Lane Craig
Originalmente publicada como: “The Difference Between Possible and Feasible Worlds”. Texto disponível na íntegra em: http://www.reasonablefaith.org/the-difference-between-possible-and-feasible-worlds. Traduzido por Marcos Vasconcelos. Revisado por Cristiano Camilo Lopes.

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Dúvidas sobre o cristianismo


Caro Dr. Craig,
Tenho 30 anos e graduei-me em Filosofia pela Universidade de Kentucky (EUA); sou cristã desde os quatro anos de idade. Alguns anos atrás li o livro The Case for Christ [Em defesa de Cristo], de Lee Strobel, e fiquei muito impressionada. Considero-o uma grande ferramenta para testemunhar.
Escrevo-lhe porque estou começando a vacilar na minha fé. Começou com minha melhor amiga, que ardia de amor por Deus, no entanto, quanto mais literatura secular ela lia e quanto mais era exposta aos notórios problemas internos do cristianismo, mais cética se tornava. Especialmente difícil para ela é tentar crer que alguém altruísta, correto, moralmente bom, que não acredita em Jesus vá para o inferno, enquanto o cristão carnal que serve a Cristo e aos outros sem inteireza de coração vá para o céu. No meu caso, sinto-me muito angustiada por causa de alguns de meus amigos agnósticos, e por um de modo especial, o qual me jura que, se soubesse, faria o que Deus queria; mas por que razão haveria Deus de permitir que o cristianismo não fizesse o menor sentido para ele Meu amigo não acha justo que Deus o tenha criado de tal maneira que ele seja lançado no inferno à revelia, sabendo que lhe seria muito difícil crer nele.
Quando minha melhor amiga me falou da luta que enfrentava, pensei tratar-se apenas de uma fase e comecei a pensar que livros poderia lhe recomendar. Mas, então, fui atingida por algo em que jamais havia realmente cogitado: e se o cristianismo não fosse de fato verdadeiro?
Na minha intuição, o cristianismo ainda é verdadeiro, mas preciso muitíssimo de seu socorro — alguém sabidamente detentor de fé vigorosa e também de bagagem filosófica. Que conselho poderia dar a mim, a minha melhor amiga e aos incrédulos que conhecemos para esclarecer o cristianismo e reacender a nossa fé? Meu pai, ex-pastor, sugere que se leia a Bíblia e que se diga aos incrédulos para aguardarem o chamado da parte de Deus. Mas fiquei pensando o que diria o senhor sobre tudo isso?
Qualquer auxílio/encorajamento que possa nos dar sobre por que o cristianismo é o único caminho verdadeiro seria imensamente bem-vindo.
Obrigada.
Natalie


Resposta Dr. Craig:


Cara Natalie,

Sua carta repleta de considerações penetrantes suscita todo um emaranhado de questões profundas que precisam ser esclarecidas, se quisermos esclarecer sua indagação.
Em primeiro lugar, seu comentário de que jamais cogitara antes a possibilidade de o cristianismo não ser verdadeiro me sugere que você está se movendo da fé meramente herdada de sua infância para a fé adulta, verdadeiramente toda sua. Esse processo pode ser dolorosíssimo, mas é de fato uma parte importante do amadurecimento espiritual, Portanto, não fique angustiada, pois é algo pelo qual você precisa passar.
Em segundo lugar, atribua aos fatos a proporção que lhes é devida. Percebo que, quando as pessoas lutam com as dúvidas, estas podem crescer de forma muito desproporcional, a ponto de o sistema de crença do indivíduo tornar-se parecido mais com aqueles mapas do mundo que mostram o tamanho do país de acordo com sua riqueza econômica, e não de acordo com a área geográfica. As dúvidas assumem lugar desproporcional no sistema de crenças da pessoa. Lembre-se: aquilo que procuramos é uma visão de mundo com as menores dificuldades, não com nenhuma dificuldade. Você está familiarizada com o livro The Case for Christ [Em defesa de Cristo], de Lee Strobel. Toda a evidência que ele apresenta no livro foi realmente neutralizada pelas dificuldades levantadas por seus amigos? Ou será que as dificuldades que seriam geradas pela rejeição da evidência são maiores do que as dificuldades levantadas por seus amigos? Tome cuidado para que as dificuldades levantadas por seus amigos não assumam um peso desproporcional em todo o sistema de coisas.
Em terceiro lugar, pense na alegação de que o cristianismo não é verdade. O cristianismo é uma visão de mundo multifacetada. Portanto, pergunte-se que faceta do sistema de fé está ameaçada pelas dificuldades com as quais você está lutando? A de que Deus existe? É isso que terá de abandonar caso as objeções de seus amigos sejam válidas? A de que Jesus ressuscitou dos mortos? É essa a crença desafiada pelas objeções deles? Não se parece com isso? Pelo visto, o problema com o qual você está pelejando é a doutrina do particularismo ou do exclusivismo cristão, a qual sustenta que a salvação só está disponível por meio de Cristo. Mesmo aqui, o cristão particularista tem um leque de opções dentre as quais pode escolher, desde o universalismo, passando por vários tipos de inclusivismo até o rígido restritivismo. Neste sítio da Internet, você encontrará amplas fontes que lidam com o problema (veja “Scholarly Articles: Christian Particularism” [Artigos acadêmicos: Particularismo cristão] ou “Popular Articles: How Can Christ Be the Only Way to God?” [Artigos populares: Como é possível que o cristianismo seja o único caminho para Deus?]). Se a objeção de sua amiga estiver certa, qual dessas opções você teria de adotar? Todas são compatíveis com a existência de Deus, com a encarnação, com a expiação substitutiva de Jesus. Portanto, em que sentido o cristianismo não é verdadeiro, caso as objeções de sua amiga estejam certas?
Por isso, é importante que, ao se considerar uma objeção ao cristianismo, esclareçamos com exatidão que faceta da visão de mundo cristã a objeção desafia. As preocupações da sua amiga são vagas demais para que vejamos o que exatamente está desafiando. Você é graduada em filosofia. Sente-se e procure formular as objeções de seus amigos como argumentos lógicos válidos e tire algumas conclusões. Depois, vá até eles e lhes pergunte: “É este o seu argumento?”. Caso seja, então, pergunte-se: “Que evidência ou prova existe para que cada premissa seja verdadeira? Foram comprovadas como verdadeiras? Que razões existem para duvidar das premissas? Que alternativas estão abertas para mim?”. Meu argumento é que, mesmo que as objeções de seus amigos fossem boas, você só precisaria fazer ajustes relativamente menores no seu sistema cristão de fé.
No entanto, vamos pensar a respeito dessas objeções. Todos nós que temos pessoas queridas e maravilhosas, porém incrédulas, podemos nos solidarizar com os sentimentos da sua amiga. Mas, ao pensarmos no que ela diz, fica evidente que não entende a salvação somente pela graça. Ninguém merece ir para o céu. Se Deus nos julgasse pelos nossos méritos, todos estaríamos condenados, não importa o quanto somos altruístas, retos e moralmente bons. Nenhum de nós tem como obter o caminho para o céu. Logo, a salvação só pode ser dádiva imerecida da graça de Deus. Deixar de apreender isso é não conseguir assimilar a própria essência do cristianismo. Portanto, quem rejeita a graça de Deus em Cristo cai no mérito pessoal, e ninguém é suficientemente bom para merecer o céu.
Quanto ao dito cristão carnal, permita-me dizer que quem diz que conhece a Cristo, mas não apresenta fruto de regeneração, não tem a mínima base para a segurança da salvação. Assim, vamos considerar que estamos falando de um crente genuíno tentando viver a vida cristã, mas que se descobre pecando repetidamente. Na visão da sua amiga, o que se espera que Deus faça com essa pessoa? Lançá-lo no inferno porque ele não atende aos padrões? É claro que não; ele é salvo pela graça mediante a fé, e não pelo seu próprio mérito. Não há dúvida de que sua amiga dirá que, se Deus há de perdoá-lo, então deveria perdoar também o incrédulo moralmente correto. Mas ele perdoa! O débito para todos os seus pecados foi pago, mas o fato é tão somente que o incrédulo idôneo rejeita o pagamento. Deus quer salvá-lo, mas o incrédulo moralmente reto recusa ser salvo. Ele rejeita a graciosa oferta de perdão por meio de Cristo da parte de Deus e assim cai em seus próprios méritos, os quais são inúteis. A despeito de sua vida direita, o incrédulo, que permanece incrédulo até a morte, demonstra que, na verdade, tem um coração que se opõe a Deus e resiste ao convencimento do Espírito Santo.
Evidentemente, refiro-me aqui aos incrédulos que têm ouvido o evangelho. Com relação ao problema daqueles que jamais o ouviram, veja os artigos referidos acima.
Vamos agora considerar a objeção de seu amigo agnóstico. A objeção dele parece ser muito mais radical e de amplo alcance. Ele culpa a Deus pela própria incredulidade. O seu raciocínio parece ser o seguinte:
1. Se Deus existisse, o cristianismo faria sentido para mim.
2. O cristianismo não faz sentido para mim.
3. Logo, Deus não existe.
(Se não for esse o seu argumento, então não sei o que ele está dizendo.)
Bem, as premissas desse argumento são verdadeiras? Uma vez que (2) é apenas o relato de primeira mão do seu estado psicológico, acho que podemos aceitá-lo pelo que é. Mas, com certeza, gostaríamos que ele nos dissesse mais. Por que o cristianismo não faz sentido para você? O que você fez a respeito disso? Que livros você tem lido? Já orou a respeito?
Esse tipo de perguntas são relevantes quando passamos a examinar a veracidade de (1). Por que considerar (1) verdadeiro? A resposta de seu amigo parece ser a de que Deus não permitiria que o cristianismo não fizesse sentido para ele, presumivelmente porque Deus o ama e quer que ele seja salvo. Nós, que não somos calvinistas, concordaremos que Deus o ama e deseja salvá-lo. Mas será que daí se deduz que Deus não permitiria que o cristianismo não fizesse sentido para ele? De modo nenhum, antes de mais nada, pode ser que, à medida que continue a estudar e a buscar o Senhor, o cristianismo venha a fazer sentido para ele. Houve uma época na qual o cristianismo não fazia sentido para mim, mas depois passou a fazer. Durante a maior parte da vida de C. S. Lewis, o cristianismo não fazia sentido para ele, mas passou a fazer sentido no momento devido. Seu amigo provavelmente é jovem e não deveria desistir de Deus tão cedo. Vivenciar um período de busca pode ser verdadeiramente bom para ele. Aqui, portanto, está o cerne da questão. Seu amigo está realmente buscando a Deus? Está estudando para entender o cristianismo? Ou a sua incredulidade seria o resultado da indiferença culpável? Estaria preso a algum tipo de pecado na sua vida, de sorte que sabe que terá de abandoná-lo? Se está realmente buscando a Deus, então chegará à fé oportunamente, por isso a premissa (2) será falsa. Se a incredulidade dele for culpável, então é resultado de seu livre-arbítrio, e (1) pode não ser verdadeira, já que Deus não passará por cima do seu livre-arbítrio.
Há ainda outras razões para se entender que (1) pode ser falsa. Nesse ponto, entra-se em questões profundíssimas concernentes ao conhecimento médio divino. Se estiver interessada em se aprofundar nisso, dê uma olhada no dvd do meu debate com Theodore Drange acerca da pergunta “Deus existe?”. Mas tenho a esperança de que já foi dito o suficiente para mostrar que não temos nenhuma boa razão para entender que (1) seja verdadeira. Portanto, o argumento não é bom.
O conselho de seu pai serve para nos recordar que a dúvida não é um problema puramente intelectual, mas tem também uma dimensão espiritual. Ao ler depoimentos de pessoas que apostataram, é impressionante como os fatores moral e espiritual têm participação. Assim, ao lidar com suas dúvidas, esteja atenta à sua própria vida espiritual: culto corporativo, oração, estudo bíblico, serviço, ofertar, etc. Reivindique a promessa de 2Pedro 1.5-11. Para trabalhar mais a solução de sua dúvida, dê uma olhada no capítulo respectivo em meu livro Hard Questions, Real Answers [Apologética para questões difíceis da vida, Vida Nova, 2010] (Crossway, 2003) ou no livro de Gary Haberma, The Thomas Factor [O fator Tomé] (Broadman & Holman, 1999). Que o Senhor a fortaleça e a prepare!
William Lane Craig
Originalmente publicada como: “Christian Doubt”. Texto disponível na íntegra em: http://www.reasonablefaith.org/christian-doubt. Traduzido por Marcos Vasconcelos. Revisado por Cristiano Camilo Lopes.

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